Saiba mais sobre Cirurgia de Catarata

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Saiba mais sobre Cirurgia de Catarata

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Neste espaço, o microcirurgião Miguel Padilha aborda vários temas ligados à sua especialidade, procurando esclarecer algumas dúvidas mais comuns entre os inúmeros pacientes que o procuram em sua clínica, no Rio de Janeiro:


Cada vez mais estamos empenhados em livrar nossos pacientes do uso de óculos após uma cirurgia de catarata. Neste sentido várias abordagens podem ser feitas, passando pela manutenção de eventuais astigmatismos presentes antes da cirurgia, criando-se tais astigmatismos contra-a-regra no momento do ato operatório, implantando-se lentes pseudo-acomodativas ou buscando solucionar este problema com a monovisão.

Reservamos este nome para todas as lentes intra-oculares que, de certa forma, mimetizam a acomodação natural do cristalino humano. Ou seja, todos sabemos que até o início da quarta década da vida nosso cristalino tem a capacidade de, mudando sua forma, ajustar o foco para longe e para perto. Por volta dos 40, 44 anos vamos perdendo este poder de acomodação e surge o que o leigo chama de vista cansada e em oftalmologia reconhecemos como sendo presbiopia. A partir deste momento o problema é solucionado com a correção óptica para perto.

Hoje nós já podemos empregar cristalinos artificiais que resolvem o problema tanto para longe quanto para perto, usando cristalinos multifocais ou acomodativos. Estes se valem de uma tecnologia bastante engenhosa que permite tais cristalinos se moverem dentro do saco capsular ajustando o foco, ora para visão de longe ora para visão de perto.

Em medicina todo tratamento tem que ser individualizado. A não ser vacinação, tudo o mais tem que ser feito para cada caso em especial. A indicação do emprego de lentes pseudo-acomodativas vai depender de uma série de fatores a serem analisados pelo oftalmologista e, mais importante, da motivação do paciente. Mas, em princípio, poderíamos dizer que muitos pacientes podem se beneficiar deste avanço.

A exemplo do que se faz no campo das lentes de contato, também é possível prever o grau da lente intra-ocular para longe, para corrigir um dos olhos, enquanto o olho contralateral será corrigido com grau para perto. Com isto o paciente tem a sensação de estar vendo bem para longe e para perto com os dois olhos, quando na verdade um deles é que está ajustado para longe e o outro para perto. O cérebro tem uma tremenda capacidade de se adaptar a esta solução e certamente muitos usuários de lentes de contato já se valem desta alternativa.

Sem dúvida. Nós tivemos o privilégio de participar do nascimento da facoemulsificação em nosso país em meados da década de 1970, e deste então temos sido partícipes de toda a evolução que esta tecnologia apresentou até os dias de hoje. Um dos grandes avanços, sem dúvida alguma, foi a possibilidade de executarmos a faco (como nós procuramos simplificar o nome) através de incisões minimamente invasivas, através das quais introduzimos lentes dobráveis, o que torna desnecessário o uso de suturas. Outro fator cirúrgico importante advinda destas incisões muito pequenas é o baixíssimo índice de infecções intra-oculares, totalmente diferente de técnicas com incisões mais alargadas e com duração do ato cirúrgico mais prolongada. Outro fator extremamente importante é o próprio cálculo do poder dióptrico das lentes intra-oculares, que graças a modernos biômetros e fórmulas de última geração nos permitem alcançar, com uma excelente margem de acerto, o grau exato que desejamos.

Com todos estes avanços, hoje nós podemos indicar cirurgias com maior precocidade do que antigamente, e graças a isto, aproveitando o mesmo ato cirúrgico, além de remover a catarata podemos reduzir drasticamente altas miopias e eliminar inteiramente a hipermetropia.

Exatamente porque um pouco de miopia, algo em torno de – 1.00 Dp (dioptria ou grau) até – 2.50 Dp é até muito bom para permitir uma boa leitura sem necessidade de óculos.

Observe que os míopes gozam de um certo privilégio após os 40 anos de idade, uma espécie de "bônus de compensação" por terem utilizado óculos, muitas das vezes, pela vida inteira. Eles agora podem tirar os óculos e lerem muito melhor sem eles. Então o que buscamos na cirurgia de catarata é tornar, em muitos dos casos, nossos pacientes míopes, para eles poderem ler com bastante conforto. Ou seja, se o paciente assim o desejar, é até preferível preservar um pouco da miopia de que é portador.

Podemos e devemos fazer isto. O hipermétrope vê mal de longe e pior ainda de perto. Explicando melhor, o hipermétrope após os 40 anos não consegue ler de maneira alguma de perto sem óculos. Ele é um permanente escravo de óculos ou lentes de contato.

Com esta cirurgia, ele se beneficia e muito da correção óptica produzida pelos implantes de cristalinos artificiais. Em minha rotina diária, posso ver freqüentemente a imensa satisfação destes pacientes.

Felizmente isto acontece em porcentagem muito pequena, e mais em pacientes míopes. Isto por causa de certas deformidades que o fundo de olho destes pacientes apresentam e que podem dificultar o alinhamento da sonda de ultrasom que mede o comprimento destes olhos. Em nossa Clínica, é sempre o mesmo médico que faz todas as biometrias. Isto permite reduzir sensivelmente tais incorreções. Devemos lembrar que os olhos dos pacientes míopes são muito grandes, com um diâmetro antero-posterior acima dos 24 mm. O diâmetro de um olho normal varia entre 23 e 23.5 mm, enquanto o do olho hipermétrope é curto, menor que 22.5 mm.


Dr. Miguel Padilha
Dr. Miguel Padilha
Membro Titular do Conselho Brasileiro de Oftalmologia