Muitos de nós apresentaremos em algum momento da vida algum tipo de problema nos olhos ou na visão.
Conheça aqui alguns dos problemas e alterações mais comuns e seus sintomas associados:
Astigmatismo
É a alteração da curvatura da córnea, com forma mais ovalada que redonda. Quase todo mundo tem um pequeno astigmatismo, o que é considerado fisiológico e é decorrente de uma certa compressão das pálpebras sobre a córnea. Quando é muito pequeno e não é fàcilmente identificado pelo seu portador, nem necessita de correção óptica.
O astigmata tem uma visão imperfeita, tanto para perto como para longe, sem percepção nítida dos contrastes entre as linhas horizontais, verticais e oblíquas.
O astigmata confunde os símbolos próximos, como o H o M e o N ou ainda o 8 e o 0. Combinado com a miopia ou a hipermetropia, o astigmatismo pode provocar fadiga ocular ou dor de cabeça.
Sua correção se faz, principalmente, com o uso dos óculos, mas também pode ser compensado com lentes de contato duras ou descartáveis especiais, as chamadas lentes tóricas.
Catarata
É o turvamento (ou opacificação) progressivo do cristalino, interferindo na chegada de luz à retina, onde se forma a imagem.
O portador de catarata pode se sentir incomodado por luz forte ou ver halos ao redor de luzes. A visão fica sem cor e embaçada, dificultando a leitura e outras atividades do dia-a-dia. Entrar e sair de túneis pode ser um grande problema para quem dirige carros e tiver catarata.
No início, a mudança no grau dos óculos pode ajudar, mas com o avanço da catarata a visão vai diminuindo cada vez mais. Uma vez formada, só existe um meio de livrar-se da catarata: a cirurgia.
Mais comum após os 60 anos, pode ocorrer também em pessoas jovens, ou até se manifestar de forma congênita.
Ceratocone
Alteração estrutural da córnea, perdendo seu formato esférico para adotar uma forma cônica. Pode ser unilateral, e costuma se manifestar na segunda década de vida. Há um caráter hereditário e quase sempre se pode identificar na mesma família diversas pessoas com esta doença.
Normalmente seus portadores começam a enxergar com dificuldade e o exame ocular revela presença de astigmatismo e/ou miopia, que tendem a ir aumentando rapidamente, em poucos anos, e exigindo trocas de óculos com pequenos intervalos.
O uso de lentes de contato duras permitem voltar a ver bem, e só em último caso haverá necessidade de um transplante de córnea.
Clarões de Luz
Sensação causada quando o vítreo fricciona ou repuxa a retina. Durando breves segundos e sem forma específica, podem ser percebidos com maior freqüência à noite ou em ambientes escuros.
Associados também a enxaquecas, os clarões distorcem a visão central e aparecem como linhas brilhantes recortadas, em um ou raramente nos dois olhos, seguidas de dor de cabeça latejante em um ou ambos os lados da cabeça.
Embora nem sempre representem problemas sérios de visão, o olho deve ser examinado quando os clarões aparecerem pela primeira vez, e em caráter de urgência se a pessoa for portadora de alta miopia.
Conjuntivite
Inflamação ou infecção ocular que compromete a conjuntiva, mucosa que envolve o globo ocular, principalmente nos dias de muito calor. Tal inflamação também pode acometer a córnea, transformando-se em uma forma mais grave chamada de ceratoconjuntivite.
Geralmente os olhos ficam muito vermelhos, há forte lacrimejamento e grande desconforto com a luz. Por vezes pode haver produção de secreção purulenta e até aparecimento de gânglios sob a mandíbula e retroauricular.
Pelo alto grau de contágio, os pacientes devem evitar contatos com pessoas próximas, isolando toalhas de rosto, de banho, lenços, fronhas e lençóis.
Colírios para limpeza ocular, água boricada ou soro fisiológico podem ser usados sem restrições, mas qualquer outro medicamento só deverá ser usado sob prescrição médica, após um exame oftalmológico. Os usuários de lentes de contato devem removê-las de imediato, até que estejam totalmente restabelecidos da infecção ocular.
Degeneração Macular
É o afinamento e rompimento de parte do tecido retiniano, prejudicando o funcionamento da mácula (parte central e mais sensível da retina).
Alguns sintomas são o embaçamento da visão central, a distorção no centro de uma paisagem ou das linhas no centro da visão, o esmaecimento das cores, a percepção de uma área escura ou vazia no centro da visão e a alteração do tamanho dos objetos em relação ao olho sadio.
O diagnóstico precoce possibilitará a prescrição do tratamento que previna dano adicional à visão ou indicação de dispositivos ópticos para visão subnormal que ajudarão no melhor uso possível da visão restante.
Ocorre, na maioria dos casos, a partir da sexta década de vida (degeneração macular relacionada à idade), e pode ser decorrente de fatores hereditários. É mais freqüente na raça branca e entre as que têm olhos claros e, embora não se saiba exatamente todas as suas causas, a exposição à luz solar pode contribuir para o seu agravamento. Alimentos ricos em vitamina E, selenium, zinco, luteína parecem retardar ou impedir a evolução da doença.
Daltonismo
Tersol
Glaucoma
O glaucoma é a segunda causa de cegueira em todo o mundo, afetando cerca de 3% da população acima dos 40 anos. Entretanto, pode ocorrer em qualquer faixa etária, e infelizmente, até crianças podem nascer com esta grave doença. Na forma congênita, que pode ocorrer unilateral ou bilateralmente, alguns dos sinais característicos são a presença de lacrimejamento contínuo, intensa fotofobia, diminuição da visão, aumento do globo ocular, lembrando o olho de um sapo (buftalmia)
.Diferentemente da catarata, que produz uma cegueira passível de reversão completa, o glaucoma pode levar a uma situação irreversível, e cujo tratamento exige permanente controle desde o momento de seu diagnóstico.
De caráter hereditário, o único meio que os oftalmologistas dispõem para detectar a sua presença, constitui-se na medida da pressão intra-ocular e na avaliação das condições da cabeça do nervo óptico. O risco de os descendentes em primeiro grau apresentarem glaucoma pode chegar a 40%. Famílias onde um caso tenha sido diagnosticado e esteja em tratamento, é recomendável que os parentes mais próximos façam um check-up ocular, qualquer que seja a idade.
Até muito recentemente os especialistas tratavam o glaucoma preocupados em evitar que a pressão intra-ocular ultrapassasse 20 mmHg, limite tensional estabelecido durante muitos anos como sendo o máximo que o nervo óptico poderia suportar sem ser danificado. Tais danos se caracterizam por mudanças na coloração do nervo e pela disposição mais a nasal dos vasos sangüíneos aí localizados.
Mas por quê muitos olhos, com a pressão bastante inferior àquele limite, podem caminhar irreversivelmente para a perda de campo visual e atrofia do nervo óptico?
Vários pesquisadores formularam uma possível resposta : o problema não se limita apenas em reduzir a pressão, mas muito mais importante, em se aumentar o fluxo de perfusão sangüínea do nervo óptico.
Baseado neste raciocínio, modernos métodos de diagnóstico possibilitam avaliar mais precocemente a presença da doença, enquanto novos medicamentos baseados no que se chama de co-regulação, permitem atuar nos dois extremos do problema. O objetivo hoje não é apenas manter a pressão intra-ocular abaixo de 20 mmHg, reduzindo-a o máximo possível, mas impedir a destruição das células ganglionares retinianas.
Neste sentido novas drogas estão disponíveis no mercado e compete ao oftalmologista apontar qual é mais adequada em cada caso.
Exames com modernos equipamentos computadorizados de campo visual, fotografias estereoscópicas da cabeça do nervo óptico, testes de provocação, o olhar clínico do oftalmologista acompanhando de perto eventuais mudanças no fundo de olho, possibilitam novas e formidáveis oportunidades de se rastrear e controlar esta terrível doença, cuja evolução pode passar totalmente despercebida aos seus portadores.
No campo da cirurgia antiglaucomatosa, novos avanços estão sendo incorporados no dia-a-dia ao armamentarium oftalmológico. Modernas técnicas conhecidas como não perfurantes já estão sendo empregadas, com a finalidade de se reduzir algumas possíveis complicações inerentes aos procedimentos utilizados atualmente.
O glaucoma consiste em um acúmulo anormal do humor aquoso, líquido que se forma no interior do globo ocular e responsável pela nutrição de diversas estruturas intra-oculares. Por diversas circunstâncias, quando ele não é eliminado na mesma velocidade com que é secretado, acaba por aumentar a pressão dentro do olho, e com isto, leva gradualmente a uma isquemia do nervo óptico.
Com o aumento da pressão intra-ocular, vai ocorrendo perda gradativa de células fotoreceptoras retinianas, e finalmente, uma neuropatia óptica isquêmica acaba por se instalar, com conseqüente atrofia do nervo óptico. Neste estágio final, nada mais a oftalmologia poderá fazer em benefício dos pacientes afetados.
Apesar de muitos leigos conhecerem a palavra, ainda falta uma maior conscientização da própria população no sentido de compreender melhor o significado da doença, e do que ela mesma pode fazer para se acautelar das suas conseqüências.
Hipermetropia
É quando a imagem se forma atrás da retina, em decorrência de um olho de comprimento menor que o olho normal. Este, normalmente, mede 23 mm de diâmetro.
O olho não é suficientemente potente, fazendo com o que o hipermétrope veja mal de perto e de longe.
Os primeiros sintomas são fadiga ocular, dores de cabeça e esforço permanente de acomodação, principalmente ao fim da tarde e depois do trabalho.
Uma fraca hipermetropia passa freqüentemente desapercebida até os 35/40 anos, pois o olho “acomoda” para estabelecer uma imagem nítida. Na criança, quando a hipermetropia é forte, percebemos isto mais cedo, pois a deficiência é muitas vezes acompanhada de estrabismo, que deve ser rapidamente corrigido.
Miopia
É quando a imagem se forma à frente da retina.
Pelo fato do olho ser “demasiado longo”, o míope vê mal de longe, mas enxerga bem de perto. Um dos primeiros sinais é a falta de nitidez para ver de longe, ficando difícil reconhecer pessoas na rua, identificar placas, assistir TV ou cinema longe da tela.
A miopia pode ser corrigida através do uso dos óculos ou de lentes de contato. Hoje, os míopes contam ainda com a possibilidade de correção, através da cirurgia.
Moscas Volantes
Proteínas ou minúsculas partículas de vítreo condensado, tècnicamente chamados grumos, formadas quando o vítreo se solta da retina. Com isso, muitas pessoas vêem pequenos pontos escuros, manchas, filamentos, círculos ou teias de aranha que parecem mover-se na frente de um ou ambos os olhos, percebidas mais facilmente durante a leitura e quando se olha fixamente para o céu ou para uma parede vazia.
Geralmente, girar os olhos pode ser de alguma ajuda quando as moscas volantes aparecem diretamente na linha de visão. Olhar para cima e para baixo ou para os lados também pode deslocar as moscas volantes para outra posição.
Nos casos em que as moscas volantes forem sintomas de rasgos na retina, o oftalmologista vai optar pelo tratamento a fim de evitar que eles dêem origem a um descolamento de retina.
Ocorrem com maior freqüência após os 45 anos entre as pessoas que têm miopia, as que se submeteram à cirurgia de catarata ou ao tratamento com YAG Laser e também as que sofreram inflamação dentro do olho.
Retinopatia Diabética
É uma complicação do diabetes, decorrente da deterioração dos vasos sangüíneos que alimentam a retina, podendo comprometer a visão. O exame de fundo de olho é extremamente importante para se avaliar o estágio da doença como um todo.
A retinopatia não proliferativa é a fase da doença caracterizada pelo rompimento dos vasos sangüíneos, causando o aparecimento de manchas e redução ou embaçamento da visão. Pode evoluir para a retinopatia proliferativa, que se caracteriza pelo crescimento de vasos sangüíneos anormais na superfície da retina em substituição aos que se romperam, causando perda da transparência do vítreo, a substância gelatinosa que preenche o globo ocular, e o bloqueio parcial dos raios de luz que chegam à retina. Os vasos sangüíneos anormais podem, ainda, causar o deslocamento da retina ou uma forma grave de glaucoma.
O diagnóstico e o tratamento preventivo, aliados ao cumprimento da medicação e da dieta, são fundamentais para retardar a evolução da doença.
Estrabismo
É o desalinhamento dos olhos, que apontam para direções diferentes. Com isso, não são capazes de enviar imagens nítidas e focadas em conjunto do mesmo objeto ao cérebro e acabam enviando duas imagens diferentes.
Em crianças muito novas, o cérebro aprende a enxergar somente aquela imagem fornecida pelo olho sem disfunção, causando perda da percepção de profundidade e da visão binocular. Além disso, a criança pode apresentar dificuldade à luz do sol e/ou adotar uma posição inclinada da cabeça, na tentativa de usar os dois olhos ao mesmo tempo. Nos adultos, os sintomas do estrabismo são mais acentuados e se apresentam sempre com a queixa de visão dupla.
A melhor fase para o tratamento é até os 7 anos, quando o desenvolvimento visual ainda não está consolidado. Dependendo da causa, o tratamento pode variar com o uso de óculos, oclusão, exercícios, medicações com colírios, toxina botulínica ou até cirurgias.
Vista Cansada
É decorrência da gradual dificuldade do músculo ciliar em se contrair, acompanhado da esclerose do cristalino, impedindo a focalização das imagens dos objetos próximos sobre a retina.
A presbiopia, ou vista cansada, começa a acontecer por volta dos 40 anos, quando surge a necessidade de esticar o braço para ler a bula de remédio, a revista, o jornal, ou pelo desconforto à leitura em ambientes pouco iluminados.
De modo geral, para aqueles que não gostam de ficar colocando óculos a toda hora quando vão ler, ou quando também necessitam de óculos para longe, uma solução é ter tudo em apenas um óculos, bifocal ou multifocal para longe, intermediário e para perto.