O s números são suficientes para justificar toda preocupação em torno de danos a visão quando os olhos são acometidos por diversos tipos de traumatismos. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) ocorrem cerca de 55 milhões de acidentes oculares por ano, restringindo as atividades profissionais por, pelo menos, um dia. Daquele enorme contingente, 750 mil exigem hospitalização. Duzentos mil provocam lesões abertas do globo ocular!
As estatísticas seguem demonstrando o quanto temos que avançar na prevenção de acidentes oculares: 1.6 milhões de cegos, 2.3 milhões de indivíduos com baixa de acuidade visual nos dois olhos e 19 milhões portadores de cegueira ou visão baixa em um dos olhos!
De acordo com um trabalho sobre traumas oculares atendidos no Serviço de Urgência da Fundação Banco de Olhos de Goiás (Revista Brasileira de Oftalmologia, 2013; 72(6): 383-7), a maior freqüência de acidentes ocorreu entre pacientes do sexo masculino e com média de idade entre 20 e 49 anos (77 %). Ou seja, indivíduos em plena capacidade laborativa.
Quanto aos traumas mais comuns : 66.4% por trauma mecânico fechado por corpo estranho superficial; trauma térmico (13.3%); trauma mecânico fechado por contusão (9.1%); laceração lamelar (4.9%), químico (2.8%), perfurante (1.4%).
Nas últimas duas décadas, o advento de vidros laminados largamente usados em parabrisas de veículos; uso de airbags e a obrigação do uso de cintos de segurança, redundaram em forte redução de graves lesões oculares provocados em acidentes automobilísticos. Mas ainda falta conscientizar a população da necessidade de usar tais cintos também nos bancos traseiros.
Outra importante prevenção de acidentes oculares graves foi adotada em grande parte pelos fabricantes de bebidas gaseificadas, ao trocar as tradicionais tampas das garrafas por sistema de rosca. Este novo sistema impede que garrafas possam se abrir, abruptamente, frente aos rostos de indivíduos próximos causando-lhes lesões oculares, por vezes, irreversíveis, ao terem as antigas tampas lançadas a uma velocidade comparável a de um projétil de arma de fogo.
Outro hábito que em vários países foi dramaticamente mudado, ao se abandonar o tabagismo num percentual formidável, também trouxe benefícios ao não mais se ver queimaduras de córnea provocadas em olhos de crianças, por parte dos fumantes de cigarros, quando acesos.
Infelizmente ainda se vê, apesar de inúmeras medidas salutares tomadas em relação ao ambiente de trabalho, trabalhadores sem usar máscaras especiais ou óculos protetores contra traumatismos oculares, principalmente os térmicos e presença de corpo estranho. Mesmo na prática de esportes, é sempre aconselhável usar óculos especiais, ao se priorizar o uso de lentes oftálmicas impacto-resistentes. Materiais a base de policarbonato resistem muito mais a tais impactos do que as lentes tradicionais.
Ainda no âmbito doméstico e lidando com crianças pequenas é importante pais e professores ficarem permanentemente atentos com elas, ao manipularem com objetos pontiagudos ou perfurantes (lápis, canetas, garfos, facas, etc.). Uma distração e eis o momento propício a um acidente ocular!
É importante os pais ensinarem seus filhos a lidar de forma segura com garfos e facas, bem como outros potenciais objetos que ameacem provocar danos aos olhos ou à face.
Felizmente, o uso de cadeirinhas especiais no banco traseiro de automóveis e cintos de segurança afivelados em crianças, trouxe um hábito importante na redução de traumas oculares em crianças!
Entrevista com o Dr. Miguel Padilha, publicada no site Jornal Omint | Saúde e Bem-Estar, no dia 20 de Agosto de 2018.